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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cientistas estudam prós e contras de invasão global de minhocas


Em um estudo recente, cientistas alertam para uma 'invasão global de minhocas' e dizem que espécies 'alienígenas' já conquistaram quase todos os continentes.

Segundo a pesquisa, publicada pela revista Soil Biology & Biochemistry, espécies invasoras de minhocas estão vencendo a competição com espécies locais e se adaptando mais rapidamente a terrenos desmatados e cultivados, mudando a estrutura dos solos.

Os pesquisadores tentam entender como elas estão fazendo isso e, mais importante, o impacto que têm sobre os solos e a sobrevivência de outras espécies.

'A invasão de minhocas não-nativas é um fenômeno verdadeiramente global no qual espécies invasoras estão chegando a todos os continentes, com exceção da Antártida', disse à BBC Bruce Snyder, da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos.

A maior parte das florestas da América do norte, por exemplo, foi um dia desprovida de minhocas. Quando os europeus colonizaram a região, introduziram inadvertidamente espécies de minhocas europeias que vinham nos navios e na terra usada para transportar plantas.

Essas novas espécies continuam 'ganhando terreno' e, segundo Snyder, 'estão invadindo também florestas no norte de Wisconsin, em Minnesota, Nova York e partes do Canadá.'

No ano passado, uma pesquisa publicada na revista Human Ecology afirmou que as minhocas invasoras podem alterar os ciclos de carbono e nitrogênio nos bosques, assim como minar espécies de plantas nativas.

Mas outro estudo, também publicado em 2011, descobriu que minhocas 'alienígenas' podem ter um impacto positivo em seus novos ambientes. O levantamento analisou o papel das minhocas no ciclo de carbono das florestas tropicais e concluiu que as criaturas ajudam a manter o carbono no solo.

Competição

Além das européias, as minhocas asiáticas também estão chegando às florestas dos Estados Unidos e Canadá.

Um estudo recente diz que a espécie asiática Amynthas hilgendorfi, que está invadindo as florestas do Estado do Michigan, cresce mais rapidamente no novo ambiente e aumenta a concentração de formas minerais de nitrogênio e de fósforo no solo.

No entanto, isso faz com que detritos na floresta se decomponham mais lentamente.

Outras observações feitas pela equipe sugerem que a A. hilgendorfi pode deslocar as espécies nativas e se tornar a única presente, uma hipótese confirmada por Bruce Snyder e seus colegas.

Snyder descobriu que as invasoras e as nativas competem pelo mesmo tipo de material em decomposição.

No entanto, a espécie nativa, que fica mais restrita à superfície do solo, acaba morrendo quase 3 meses mais cedo que o normal por conta da maior competição por recursos.

As invasoras, por outro lado, cavam regiões mais profundas do solo em busca de alimento.

'Este estudo, combinado com outros, sugere que a invasão de minhocas pode mudar direta ou indiretamente a forma como o carbono é armazenado nos solos, danifica plantas nativas e biodiversidade animal e causa problemas de erosão', explicou o pesquisador.

Adaptação

Na floresta Amazônica, no entanto, a invasão da espécie Pontoscolex corethrurus está modificando o comportamento do solo em regiões desmatadas e protegendo áreas expostas da erosão.

Esta espécie pode se reproduzir rapidamente, com cada adulto produzindo cerca de 80 casulos, ou ovos, por ano em comparação com um número bem inferior produzido pela maioria das minhocas.

De acordo com o professor Patrick Lavelle, das Academias Francesa e Europeia de Ciências, 'este verme é adaptado às novas condições criadas pelo desmatamento e pelo cultivo, o que não era o caso das espécies nativas'.

Lavelle acaba de publicar um estudo sobre o impacto desta minhoca nos solos desmatados da Amazônia.

Os pesquisadores descobriram que estes animais podem aumentar os níveis de minerais no solo e estimular o crescimento de plantas, mas há um preço a pagar.

'O problema é que as espécies nativas provavelmente não voltarão. E é sempre ruim perder espécies', disse Lavelle à BBC.

A perda de espécies é especialmente negativa porque as 'invasoras' podem estar dizimando minhocas que os cientistas ainda não conseguiram identificar.

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